Órgão espiral
Autores: Rémy Pujol, Marc Lenoir
Ayuda a la realización: Guy Rebillard, Nuno Trigueiros-Cunha
O orgão espiral (de Corti) é o órgão sensorio-neural da cóclea. Deve o seu nome à sua forma, tendo sido descrito pela primeira vez, de forma detalhada por Alfonso Corti . É composto por células sensoriais ou células ciliadas, fibras nervosas que com elas sinaptizam e por estruturas anexas ou de suporte.
Corte esquemático do órgão espiral
Coupe schématique de l’organe de Corti
1- Célula ciliada interna (CCI)
2- Células ciliadas externas (CCE)
3- Túnel interno (de Corti)
4- Membrana basilar
5- Habénula perfurada
6- Membrana tectória
7- Célula falangiais internas e externas (de Deiters)
8- Justacunículo (espaço de Nuel)
9- Célula limitantes externas (de Hensen)
10- Sulco espiral interno
Nesta secção transversal da porção basal da cóclea dum mamífero, uma CCI (1) e três CCEs (2) dispõem-se paralelamente aos pilares interno e externo do túnel interno (de Corti) (3). A membrana tectória (6) flutuando na endolinfa e cobre os cílios das células ciliadas. A CCI está envolvida pelas células falangiais internas e as CCEs solidamente ancoradas sobre as células falangiais externas (de Deiters) (7). A membrana lateral das CCE está envolvida por cortilinfa (muito semelhante à perilinfa) que enche o justacunículo (espaço de Nuel) (8) e o túnel interno (de corti) (3). A parte apical das células ciliadas, dos pilares e das células de suporte formam a lâmina reticular que isola o compartimento endolinfático. As fibras nervosas chegam ou deixam o órgão pela habénula perfurada (5), atravessando a membrana basilar (4).
Secção transversal do órgão espiral
Esta imagen apresentam cortes transversais da cóclea de gato ao nível da espira basal observada em microscopia óptica. Compare com a imagem de microscopia electrónica de varrimento. Ver esquema acima para legenda.
Escala: 20 mm
Vista transversal do órgão espiral (Corti) microscopia electrónica de varrimento
A membrana tectória foi removida, deixando apenas pequenos filamentos marginais (banda branca na porção externa das CCEs). São visíveis, a superfície das células ciliadas, com os esteriocílios, e o interior do órgão espiral (plano de fractura). As setas azuis indicam 2 CCEs, o asterisco o túnel interno (de Corti) atravessado por fibras nervosas (setas verdes).
Escala: 20 mm
Funcionamento do Órgão Espiral
Animação: S. Blatrix e concepção de G. Rebillard / R. Pujol
O funcionamento do Órgão Espiral, para sons de baixa intensidade (por exemplo a palavra), pode-se resumir esquematicamente em 5 fases:
1) As vibrações sonoras transmitidas à perilinfa fazem ondular a membrana basilar para cima e para baixo. A tonotopia passiva (onda Viajante?) mobiliza a membrana basilar da base (sons agudos) até ao ápice (sons graves).
2) Os esteriocílios das CCEs, implantados na membrana tectória são desviados horizontalmente: se basculam para o exterior a CCE é despolarizada.
3) As CCEs despolarizadas (excitadas) contraem-se (electromotricidade). Devido à ligação estreita entre as CCEs, a membrana tectória e a lâmina reticular, este mecanismo activo amplifica a vibração inicial, ao mesmo tempo que tem papel de filtro selectivo (tonotopia activa). As CCE funcionam como uma espécie de “amplificador/sintonizador”.
4) A CCI é excitada, provavelmente pelo contacto directo com a banda de Hensen da membrana tectória.
5) A sinapse entre a CCI e o dendrito do neurónio auditivo é activada e uma mensagem é enviada para o cérebro.