Órgão espiral: inervação

Autores: Rémy Pujol
Ayuda a la realización: Nuno Trigueiros-Cunha

Cada tipo de células (CCI e CCE) tem inervação dupla; mais precisamente, a inervação das células ciliadas forma um circuíto formado por fibras que transporta informação para o sistema nervoso central (fibras aferentes), e por fibras que transportam informação com origem no sistema nervoso central (fibras eferentes).

Inervação das células ciliadas internas (1) e externas (2)

Este esquema ilustra o sistema aferente radial (= nervo auditivo: azul) e o sistema eferente lateral (rosa) para as CCI; o sistema aferente espiral (verde) e sistema    eferente medial (vermelho) para as CCE.

Conexão entre as CCI e o tronco cerebral

1 – Núcleos cocleares
2 – Oliva superior lateral
3 – Oliva superior medial
4 – Pavimento do IV ventrículo

As CCI fazem sinapse com os neurónios de tipo I do gânglio espiral (relação CCI / neurónio = 1 / vários), formando o sistema aferente    radial (= nervo auditivo: azul) que liga a cóclea aos núcleos cocleares. É por este sistema que a informação auditiva chega ao sistema nervoso central (SNC). O sistema eferente lateral (rosa), tem origem em pequenos neurónios da oliva superior lateral homolateral (LSO) e efectua o retrocontrolo sobre a sinapse CCI/fibra aferente; por exemplo intervém para proteger esta sinapse contra acidentes excitotóxicos (isquemia ou trauma acústico).

Conexão entre as CCE e o tronco cerebral

1 – Núcleos cocleares
2 – Oliva superior lateral
3 – Oliva superior medial
4 – Pavimento do IV ventrículo

As CCE fazem sinapse com terminações sináticas pequenas dos neurónios ganglionares de tipo II (relação     CCE/neurónio = várias / 1), formando o sistema aferente espiral (verde). O papel deste sistema é ainda desconhecido, parecendo informar o SNC de estado de contração das CCE. Estas células são inervadas diretamente por grandes terminações axonais (vermelho) que têm origem, bilateralmente, nas olivas superiores mediais: é o sistema eferente medial que tem o papel de modelar a electromotricidade (mecanismo ativo) das CCE.

Nota: Para visualizar melhor as fibras, as células de Deiters não foram desenhadas. 

Representação esquemática da aferente inervação das células ciliadas

Os neurónios de tipo I , grandes e ovais, são mielinizados e constituem 90-95% dos neurónios do gânglio espiral. Estes neurónios têm um prolongamento periférico (dendrito) único que conecta com as CCI (relação 10 tipo I / CCI).                .
Os neurónios de tipo II, mais pequenos e amielínicos, têm um dendrito longo, com trajeto espiral em  direção à base da cóclea, que se ramifica para estabelecer contacto com uma dúzia de CCE, normalmente da mesma fiada.

esquema adaptado de Liberman

Os neurónios do gânglio espiral (coclear)

O gânglio espiral, formado a partir do otocisto primitivo situa-se no modíolo (eixo) da cóclea e, no Homem é constituído por aproximadamente 35 000 neurónios. Estes neurónios bipolares são de dois tipos: tipo I e tipo II. Os seus prolongamentos periféricos (dendritos) terminam no órgão espiral, em contacto com as células ciliadas de quem recebem informação. O seu prolongamento central (axónio) termina nos núcleos cocleares do tronco cerebral.