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Os primeiros aparelhos auditivos remontam aos primeiros tempos da eletricidade. Poderá imaginar que eram muitos volumosos. Desde aí, a técnica permitiu miniaturizar as fontes de energia e os componentes eletrónicos. Os progressos da informática tornaram possível tratar melhor o som e diminuir a distorção. Atualmente, a variedade de modelos é muito grande e existem opções para cada tipo de tipo de surdez.
Um pouco de história
Os primeiros aparelhos auditivos elétricos empregavam um microfone baseado em pequenos grãos de carvão. Permitiam converter as variações de pressão acústica em variações de resistência elétrica da massa de carvão situada entre dois elétrodos. Dito de outra maneira, os grãos de carvão deformavam-se devido à pressão acústica e produziam uma corrente elétrica. Juntando uma pilha e um auricular, este sistema permitia emitir um sinal acústico amplificado numa certa banda de frequências.
Será Graham Bell quem, outra vez, vai acelerar a inovação técnica. Ele era professor numa escola de surdo-mudos e tinha-se com uma das suas alunas. Querendo encontrar uma solução para compensar a perda auditiva da sua esposa, acabou por inventar o telefone. O seu objetivo não foi conseguido mas, pelo menos o telefone foi criado ! Os cientistas da época aperceberam-se que não seria possível uma evolução adicional sem melhorar previamente a electrónica e a qualidade da transformação analógica das correntes produzidas.
A invenção do tubo de vácuo, nos anos 30, marca o começo dum novo período. Pequenas variações de tensão provenientes dum microfone controlam o fluxo de electrões através duma lâmpada de vácuo (válvula). Ligando vários tubos em série podia-se amplificar o sinal até 70dB ! Evidentemente, havia problemas com o tamanho do sistema, o seu peso e a sua alimentação. Os tubos de vácuo exigiam duas fontes de alimentação, uma para aquecer o filamento e uma fonte de alta tensão continua de cerca de 30 volts…
Foi no início dos anos 50 que apareceram os primeiros aparelhos auditivos operados por transístores. Graças a esta inovação só era necessária uma fonte de alimentação de baixa tensão (1.3V). Com o passar do tempo, os avanços tecnológicos posteriores farão que o tamanho dos componentes das próteses auditivas continue a diminuir, e que o tratamento do sinal seja cada vez mais sofisticado.
Existiram diferentes eras tecnológicas distribuídas mais ou menos regularmente através da Historia. A implementação destas inovações tecnológicas em benefício dos doentes foi sempre um pouco tardia em relação a outras utilizações. A razão principal está nas exigências específicas das próteses auditivas não permitiam utilizar os componentes estandardizados. Os engenheiros tiveram de enfrentar desafios tais como: miniaturizar os aparelhos, fazê-los funcionar com uma tensão mais baixa (1.3V), otimizar o consumo e o ruído de fundo e criar funções específicas (hoje em dia: os algoritmos dos aparelhos auditivos digitais).
Ouvir melhor…
Que gesto adoptamos instintivamente para ouvir melhor? Colocamos a palma da mão como uma concha, por trás do pavilhão auricular (orelha)! Este gesto produz três efeitos:
- Focalizar a energia acústica na entrada do conduto auditivo.
- Melhorar a relação entre sinal (frontal) e ruído (perturbações provenientes do ambiente envolvente).
- Incitar o interlocutor a empenhar-se na sua alocução (intensidade, velocidade, articulação e concentração).
Este gesto, por sua vez, permite modificar as ressonâncias do conduto auditivo externo para favorecer certas bandas de frequência. Um aparelho auditivo deve por tanto reunir estas características
Tipos de aparelhos auditivos de condução aérea
Na atualidade, existem duas grandes famílias de próteses de condução aérea : os dispositivos retro-auriculares e os intra-auriculares. Para além disso, veremos que estas famílias se dividem em sub-grupos de acordo as especificidades (formas e técnicas) de cada uma.
Um aparelho auditivo realiza as três funções seguintes :
- A transformação do som em sinais elétricos.
- O tratamento destes sinais elétricos.
- A reconversão destes sinais eléctricos em som.
Uma página dedicada a estas funções será apresentada mais adiante dentro do capítulo : tratamento de sinal.
Dispositivos retro-auriculares
Historicamente é a forma clássica. Todos os componentes necessários para tratamento do sinal sonora se encontram numa caixa que se ajusta por trás do pavilhão auricular. Esta caixa está conectada, a nível do altifalante, com um cone onde está colocado um tubo de plástico para conduzir o som tratado até um molde feito à medida do conduto auditivo do portador. Estas próteses podem incluir microfones adicionais e controlos acessíveis a partir da parte superior do dispositivo (potenciómetro de volume, comutador de programas etc). Em geral, quanto mais poderoso seja o dispositivo, maior será o aparelho (é necessário um altifalante mais potente e uma pilha maior).
Existe também uma variante de retro-auriculares em que o tubo acústico é mais fino e o molde à medida é substituido por olivas estandardizadas. A sua utilização é recomendada para perdas auditivas de ligeiras a moderadas.
Modelos mais compactos apareceram no mercado nos anos 2000. Ao colocar o altifalante no conduto auditivo externo, foi possível agora diminuir o tamanho da caixa externa. Estes modelos, geralmente denominados RIC (Receiver In the Canal) ou RITE (Receiver In The Ear), permitem diminuir o risco de aparecimento do efeito Larsen (feed-back) já que o microfone se situa a certa distância do altifalante. Estes modelos podem por tanto emitir uma pressão sonora maior próximo do tímpano.
Dispositivos intra-auriculares
Estes são os aparelhos mais pequenos. Todos os seus componentes eletrónicos se encontram dentro de um recipiente de resina fabricado a partir do molde do conduto auditivo externo e da concha do portador. Por causa do seu pequeno tamanho, não são apropriados para todos os pacientes. são necessárias uma boa visão e destreza a fim de poder manipula-lo e coloca-lo sem dificuldade. A pilha também é a mais pequena atualmente disponível, e a sua autonomia não excede os 5 ou 6 dias de utilização. Apesar de só dispor dum microfone, estes sistemas tiram partido das vantagens naturais da orelha do sujeito (direcionalidade, ressonâncias, etc.)
Estes intra-auriculares existem em três formatos :
- O intra-canal CIC (Complete In the Canal)
- O intra-conduto ITC (In The Canal), um pouco maior, a sua platina (face externa que contém o microfone e a bateria) emerge junto ao bordo do tragus.
O intra-concha que sobressai um pouco mais… na concha ! Sendo menos estético que o CIC, permite alojar uma pilha maior e pode albergar um número maior de componentes (bobina de indução, por exemplo).
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