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A colocação dum implante coclear numa criança em fase prélingual implica uma estratégia totalmente diferente daquela usada num adulto que já ouviu. No adulto, o cérebro já foi "moldado" pela perceção da linguagem e o sucesso do implante depende (provavelmente de forma importante) da comparação que o cérebro estabelece entre a nova estimulação e os sons memorizados antes de surgir a surdez. Pelo contrário, na criança surda profunda congénita, o cérebro nunca recebeu informação auditiva até ao momento da implantação indo estruturar-se a partir de outras aferências sensoriais (visão, proprioceção, etc). O sucesso da implantação vai depender em muito da idade a que é realizado e que reflete o tempo de privação auditiva.
História e período crítico
Para um resumo da história do implante coclear consulte a página Generalidades
Foi demonstrado em modelos animais que o desenvolvimento do cérebro "sensorial" (particularmente visual e auditivo) depende da estimulação adequada ser recebida no momento certo; Definiram-se períodos críticos em que o bom funcionamento do recetor é necessário à maturação anatómica e funcional do córtex. Os animais privados de estimulação durante este período apresentararão uma deficiência do sentido afectado mesmo que, após algum tempo, se restaure a estimulação. No Homem, encontramos este princípio ao preconizar uma correção o mais precoce possível do estrabismo como objetivo de estruturar uma boa visão estereoscópica (3D). Na surdez o princípio é o mesmo, uma implantação coclear precoce irá ter melhores resultados funcionais sobre a perceção e desenvolvimento da linguagem que numa implantação tardia.
Sugerimos a consulta da página Plasticidade para aprofundar o tema
Decisão de implantar na criança
É uma decisão que deve ser tomada por uma equipa de peritos (médicos ORL, audiologistas, terapeutas da fala, genéticistas, pediatras) em estreita colaboração com os pais e, em alguns casos, os professores.
Em França, os critérios definidos pela Alta Autoridade para a Saúde são hipoacusia neurossensorial severa ou profunda bilateral. Os critérios audiométricos vocais são uma discriminação igual ou inferior a 50% num teste adaptado à idade da criança e realizado a 60 dB, em campo livre, com próteses auditivas bem adaptadas.
A implantação deve ser realizada o mais precocemente possível após a confirmação do diagnóstico. Na prática, realiza-se por volta do 1 ano de idade.
A cima dos 5 anos, em casos de surdez congénita profunda ou total não evolutiva, deixa de ter indicação, com exceção de crianças que desenvolvam uma apetência particular para a comunicação oral (casos particulares). Se a criança desenvolver uma comunicação oral poderá beneficiar dum implante em qualquer idade. Nestes casos é necessário ser muito prudente quanto aos resultados e não prometer recuperações identicas às que se observam em crianças implantadas antes dos 2 anos de idade.
Cirurgia e equipamento
Equipamento
Como no adulto o implante coclear é composto por duas partes:
Parte interna : elétrodo, estimulador |
Parte externa : recetor e processador de sinal |
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Legenda : 1) iman, 2) antena, 3) estimulador, 4) elétrodo múltiplo intracoclear, 5) terra, 6) microfone, 7) processador de sinal, 8) iman, 9) emissor
Esquema de funcionamento do implante coclear?
S. Blatrix
Cirurgia
A técnica cirúrgica e as complicações são sensivelmente as mesmas no adulto e na criança: consulte o capítulo Generalidades.
No entanto, no caso de malformações do ouvido interno, o risco de meningite é teoricamente maior. Deve ser realizada a vacinação antipneumocócica.
Na criança, as infeções do ouvido médio são mais frequentes. No caso de otite média com efusão crónica deve ser colocado um tubo transtimpânico para tratar esta doença antes de se proceder à implantação.
Taxa de reoperações
Os diferentes centros de implantação pediátrica estimam que a taxa de reoperação é de 5 a 12%. Na maioria dos casos é devida a avaria do equipamento. As outras causas incluem problemas de cicatrização ou extrusão do implante.
Reabilitação
Après la récupération post-opératoire, l'enfant est pris en charge par l'équipe de réhabilitation : audiologiste, orthophonistes et psychologues, en symbiose avec les parents Após a recuperação da cirurgia a criança é entregue a uma equipa de reabilitação constituída por audiologistas, engenheiros, audiologistas, psicologos e terapeutas da fala que trabalha em total parceria com os pais (consulte a pagina específica).
O futuro da implantação coclear pediátrica
Implantação bilateral: simultânea ou sequencial ?
A perceção da linguagem é favorecida pela audição binaural. Isto está bem demonstrado no adulto que colocou 2 implantes cocleares ou um implante e uma prótese auditiva contralateral com algum ganho. Os resultados na criança são mais contrverso. Em França, a implantação bilateral é resevada para os casos de surdez bilateral profunda e ao sindrome de Usher (surdez e cegueira).
Dois implantes sequênciais e próximos, antes dos 5 anos, paracem dar os melhores resultados. A Implantação sequêncial pode ser proposta em casos em que o ouvido aparelhado se degradar.
Irá haver alargamento dos critérios de seleção ?
Se o implante coclear se mantem reservado para os casos de surdez neurossensoriais profundas bilaterais, os critérios de seleção , particularmente na criança, evoluem. Por exemplo, as contraindicações por malformações anatómicas, anomalias cocleovestibulares e neuropatias, são menos rigidas. Mesmo que as implantações efetuadas nestes casos tenham muitas limitações em termos de perceção da linguagem, deve-se considerar que dar à criança um sistema de alarme sonoro é um benefício importante.
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