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O acufeno (zumbido) é uma percepção auditiva na ausência de estimulação externa. Surge frequentemente acompanhando uma surdez. Dada a diversidade e a subjectividade dos acufenos (apenas uma pequena percentagem é objectivável), este assunto está longe de ser clarificado. Esta página aborda, no plano experimental, os mecanismos ligados á patologia coclear que poderá estar na origem dum grande número de acufenos, designadamente os devidos a trauma acústico e à presbiacusia.
Uma percentagem significativa dos acufenos que se apresentam como um zumbido agudo devem ter origem periférica, a nível coclear (disfunção das células ciliadas e dos neurónios). Com o tempo, estes acufenos têm tendência a "centralizar" e a persistir mesmo após a destruição da cóclea ou a secção do nervo auditivo, lembrando as sensações dolorosas relacionadas com o sindrome do "membro fantasma".
Finalmente, existe uma outra categoria de acufenos que resultam da transmissão de ruídos internos do organismo ao ouvido.
Acufenos e sinápses cocleares
Duas patologias cocleares podem estar na origem de acufenos: a disfunção da sinapse entre a CCI e o neurónio gaglionar e a desrregulação dos mecanismos activos das CCE. |
Resultados experimentais recentes (JL Puel e sua équipa INSERM de Montpellier) apoiam a primeira hipótese de origem dos acufenos, assemelhando-os a uma reacção de tipo "epiléptico" do neurónio auditivo primário.
Na origem desta reacção estaria a desregulação da sinapse glutamatérgica entre a CCI e o neurónio auditivo, condicionada por uma lesão excitotóxica (isquemia, traumatismo acústico). O excesso de receptores (sobre-expressão) do tipo NMDA (tipo especial de receptores do glutamato que está implicado em fenómenos epilépticos) presentes no neurónio após o episódio excitotóxico induz o aumento da actividade espontânea dos neurónios que vai ser interpretada, a nível central, como um som contínuo ou ritmado.
Aparecimento dum acufeno após traumatismo acústico.
Esquema e animação: S Blatrix
É possível, experimentalmente (no animal), bloquear a actividade anormal dos neurónios auditivos e suprimir o acufeno que se desencadeou.
O tratamento farmacológico de certos acufenos, designadamente após traumatismo acútico, poderá ser possível, aplicando localmente, por via transtimpânica (próximo da janela coclear (redonda), moléculas activas.
Acufenos e CCEs?
A desregulação do mecanismo activo das CCEs provocaria a contracção espontânea destas células sem a existência de estímulo sonoro externo. Esta contracção provocaria a activação das CCI com o envio de uma mensagem auditiva (verdadeira) que, a nível central, seria interpretada como um acufeno com a mesma frequência do local da lesão das CCE que o desencadeou.
Alguns autores implicam o sistema eferente medial no desencadear da activação espontânea das CCEs e, portanto, dos acufenos. No entanto, só em casos muito raros foi possível observar a correspondência entre a frequência das otoemissões acústicas espontâneas e a frequência do acufeno subjectivo...
Acufenos centrais?
Como toda a via auditiva utiliza sinapses glutamatérgicas, é possível que a desregulação das sinápses glutamatérgicas cocleares se pode transmitir, em cascata, ao longo de toda a via, originando a centralização dos acufenos. Esta teoria explicaria, por exemplo, a persistência de certos acufenos após a secção do nervo auditivo.
Uma variante desta hipótese sináptica implica o GABA. Este mediador inibitório das sinapses glutamatérgicas centrais deixaria de ter o seu papel moderador devido à desregulação das sinapses glutamatérgicas centrais.
Ruídos internos transmitidos ao ouvido
Também chamados acufenos objectivos, este tipo de acufenos têm a particularidade de serem ruídos produzidos pelo organismo e ouvidos pelo indivíduo.
Estes acufenos são geralmente percebidos como sons muito característicos, podendo ser pulsáteis e sincronos com os batimentos cardíacos, lembrar cliques de relógio ou crepitações tipo "cracks". Raramente, podem ter a forma de acufenos tipo apito contínuo.
As origens mais comuns destes acufenos são anomalias vasculares em vasos localizados próximo do ouvido interno, contracções musculares rítmicas anormais (mioclonias) ou alterações da articulação temporo-mandibular.
A origem da maioria destes acufenos pode ser diagnosticada com precisão e para a grande maioria deles existe tratamento adequado.
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